segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Feniletilamina

Lucia Etxebarria é desde há alguns anos a minha escritora feminina favorita. E apesar, de entre choque saber que ela detesta a escrita do meu escritor favorito: Paul Auster, não vou deixar de admirar a forma como ela descreve e tão bem as mulheres, principalmente aquelas como eu, que não andam em linha recta. Esta é uma das crónicas que mais gosto:

Euforia. Tormento. Noches en vela. Días inactivos. Sueña despierta delante del ordenador. Se olvido el bolso en el supermercado. Sigue de largo donde debería doblar. Habla en voz alta mientras camina sola. Planea lo que le diría, o lo que debería hacer dicho. Lo que le dirá en el próximo encuentro. Corre riesgos estúpidos. Dice tonterías. Se ríe demasiado. Habla de lo que no debe. Revela secretos. Pasea de madrugada. Algo que dijo él aún le resuena en los oídos. Ve su sonrisa si cierra los ojos. Atesora las entradas de las películas que vieron. ¿Qué pensaría del libro que esta leyendo? Un perfume despierta un sinfín de recuerdos. Una canción le provoca sollozos. Y duerme, calcula, unas cuatro horas por noche.


“Esta violenta perturbación emocional (desórdenes de la atención, conexiones intrusitas, hipersensibilidad y exaltación, cuadros de ansiedad) se inicia en una pequeña molécula llamada feniletilamina (FEA), que se encuentra al final de algunas células nerviosas y ayuda al impulso de saltar de una neurona a la siguiente. Es una anfetamina natural que se acumula en el sistema límbico, del centro emocional del cerebro. El sentimiento de amor – lee – puede resultar de la inundación de FEA y otros estimulantes naturales que saturan el cerebro, transformando los sentidos y alternando la realidad”


Pierde el apetito, pero a veces asalta la nevera a las seis de la mañana. Cree reconocerlo en la oscuridad de los bares y luego se da cuenta de que se ha equivocado. Escribe su nombre en servilletas sucias, y le tiemblan las manos si descuelga el teléfono. El pulso de la sangre resuena en los oídos. Una llamada podría abrir las puertas del cielo. El grifo de la ducha se queda siempre abierto. Acaricia a los niños en el autobús y a los perros sarnosos que cruzan las aceras. Si camina a su lado, siempre piensa que cae y tiene que recordar como diablos se camina. Se cambia de ropa delante del espejo setenta y siete veces antes de cada cita. Se descubre imitando gestos que le ha copiado. Repitiendo sus frases en las conversaciones.


“Tras algunas semanas de administración de inhibidores de la MAO – lee – un hombre perpetuamente enfermo de pasión comenzó a tomar con más calma sus relaciones de pareja y pudo incluso vivir con bienestar. Aparentemente ya no anhelaba la respuesta de FEA. Este paciente hacía años que estaba en terapia. Sin embargo parece que hasta que no se administró ayuda química fue incapaz de alicar lo que había descubierto debido a su irrefrenable respuesta emocional.”


Bebe demasiado. Come chocolate. Deja las llaves puestas en la cerradura. Cuando duerme sola se abraza a la almohada. Sopesa cada instante del tiempo compartido. Se sabe de memoria su talla de jersey. De pantalones, camisas, calcetines y botas. Llama a su casa cuando sabe que no está. Paladea su voz en el contestador. Le obsesiona el color de su ropa interior, y se pone una falda, la primera en un año. Enumera sus fallos para no idealizarle. Y acaba por pensar que iluminan sus virtudes. Nada setenta largos. No para a descansar. Intenta pensar sólo en las brazadas y en el aua. Sale tiritando y no consigue olvidarse. Lee libros de autoayuda que no le gustarían. Con las novelas tristes llora a moco tendido. Habla sola en el metro, o con desconocidos. Se ha pintado de negro las uñas de los pies. Nunca llega a tiempo a una sola cita. Grita como una loca bajo el chorro del agua. Al menor de sus gestos se le congela el pulso. Escribe cartas absurdas que nunca le ha enviado. Redacta tonterías sin pies ni cabeza. Sospecha que la química no haría nada por ella.

in Nós, que somos diferentes das outras

domingo, 2 de agosto de 2009

Sussurros do sexo + forte: As ex...

A par de outras actividades escrevo uma coluna para uma revista masculina. Fala-se de sexo, amor e relações intimas. Aqui no blog transcrevo um desses textos. Quero feedback meninos....


Falemos de coisas más… Ou talvez não… Ex-namoradas, relacionamentos anteriores, traições, separações e recaídas. O som destas expressões traz uma dor de cabeça aguda à maior parte
dos homens que conheço… Mas cada pessoa, com a sua bagagem emocional individual, reage de forma diferente à delicada situação de passar de mais que tudo a menos que nada.
Pode-se no entanto separar em três grupos os tipos de ex-namoradas. Existem aquelas que vocês nunca mais vão ter contacto, que evitam inclusive olhar nos olhos se se cruzarem na rua. Estas ex-namoradas são normalmente fruto de uma separação problemática, resultante da traição de um ou de outro ou então ainda pior… Do típico e aborrecido caso em que um dos dois está muito mais comprometido na relação que o outro o que faz com que a separação se resuma a três fases: implorar para que voltem, sentimento de humilhação e raiva, ódio e a promessa de que nunca mais lhe falarão. Esta situação, apesar de estar mais associada às mulheres, aplica-se aos dois sexos, porque um coração partido e pior do que isso, humilhado, é algo que ninguém, homem ou mulher, é capaz de lidar.
Depois existem as ex-namoradas opostas a estas. Mulheres com quem vocês depois de terem uma relação, conseguem continuar a conversar, e apesar de não manterem uma relação muito íntima, mantêm aquele que pode ser considerado o entendimento mais saudável entre duas pessoas que já tiveram um relacionamento amoroso. Normalmente este tipo de ex-namoradas, são pessoas com cuja a relação era baseada numa grande amizade e independente dos problemas de balneário que possam ter tido, hoje conseguem olhar um para o outro sem ressentimentos. Sem a possibilidade de futuras recaídas, é até possível que sejam apresentados ao novo homem da vida delas, algo que vocês encaram nos primeiros minutos com estranheza, mas depois com um misto de felicidade e sentimento paternal.
O último grupo de ex-namoradas são aquelas que são mais perigosas nas vossas vidas… Estamos a falar de relações intensas, que terminaram de forma súbita, muita vezes mal resolvida e que já reataram e voltaram a terminar várias vezes. Estas mulheres, podem até não ser as mulheres das vossas vidas, mas são certamente, até que encontrem algo mais intenso, aquelas com quem não conseguem deixar de estar. E não adianta fazerem juras de silêncio, de prometerem mutuamente que nunca mais vão estar juntos e que vão permitir que cada um viva a sua vida, pois basta um encontro fortuito, duas três palavras trocadas ao ouvido ou uma chamada mais emocional para que todas as juras caiam por terra e vocês, naturalmente, nos braços um do outro. E porquê que são perigosas? Porque manter este tipo de intimidade por alguém cuja relação não funcionou, faz com que fiquem muitas vezes agarrados a um passado que anula o vosso futuro e que aniquila as possibilidades de começarem algo novo com alguém. E se vos posso garantir que o sexo de reconciliação, ou uma simples recaída, é dos melhores momentos que vocês podem ter, também vos alerto para que uma noite nunca é só uma noite…
Principalmente com alguém a quem já chamaram meu amor.