terça-feira, 30 de janeiro de 2018

#RoadToOscars2018

"Há filmes bons e há filmes maus. Os bons são os melhores." Saudades de viver numa atmosfera cinematográfica com pessoas com opiniões válidas sobre a sétima arte.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Molly's Game


Este filme é o debute do Aaron Sorkin como realizador e tenho a dizer que não se saiu nada mal. Tal como noutros filmes escritos por ele (está nomeado ao oscar de argumento adaptado), o ritmo é alucinante e as falas rápidas e articuladas. Alguém comentava no IMDB que este filme de 140 minutos tinha mais palavras que um normal filme de 6 horas, e acredito. E o mais incrível é que foi gravado em apenas 10 dias. Baseado numa história verídica de Molly Bloom, Jessica Chastain está espectacular, com uma justa nomeação aos globos de ouro. Quem não se identifica, (ok talvez apenas eu), com um mulher que tem um vício que não é dinheiro, que não é uma substância, que não é outra pessoa, ela tem o vício do poder, nomeadamente entre homens milionários e famosos a quem ela não passa cartão, nem quando lhe declaram a sua paixão. Idris Elba como seu advogado também está muito bem e mais uma vez voltamos ao imaginário Sorkin que adora estes enredos ligados à justiça e lei. 

Vi em Jessica Chastain um pouco da Amy Adams em American Hustle, adorei a caracterização e claro, como admiradora de poker, todo o enredo. Tenho pena que não seja um filme com mais nomeações, mas ganha por entertaining e inteligência, valeu cada minuto. 7 (que podia ser um 8) em 10. Passo a explicar, o final faz menos por todo o filme do que cada uma das excelentes cenas bem conseguidas. E eu sou picky com finais. Um 7 assim sendo.


sábado, 27 de janeiro de 2018

Lady Bird


Confesso que depois do Globo de Ouro esperava um indie mais espectacular. Mas passadas as expectativas iniciais é na simplicidade de dizer coisas tão íntimas para cada um de nós que o filme se mostra. Ainda que se tenha tido um background diferente de Lady Bird é impossível não sentir empatia ou mesmo nostalgia com esta adolescente. O descobrir da sexualidade, o querer ser diferente porque sim, o querer voar para longe, longe de Sacramento onde a California é menos California. O embaraço que os pais causam, as dificuldades sociais e de relacionamento que o dinheiro escasso numa família de classe média causam. E por fim o mais importante do filme: a relação entre mãe e filha. A dicotomia entre o amar tanto que se sufoca, que se berra, que se afasta, que se magoa. E é por isso que este é um indie tão simples e tão bonito. Certamente lembra Juno, certamente lembra Little Miss Sunshine, mas sem ser um filme tão "grande" como esses, facilmente arrancará um Oscar de melhor argumento original. Créditos a Greta Gerwig que o escreveu e realizou, e sem dúvida a Soirse Ronan e Laurie Metcalf que fazem cada mãe e cada filha se identificar tanto com esta narrativa que é afinal, a vida a acontecer. Destaque para o final, poético, apoteótico, quando Lady Bird vira Christine. God's given name. 7 estrelas.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

The Shape of Water


Eu nunca gostei de nenhum filme ou argumento de Guillermo del Toro mas sempre simpatizei com ele e a sua presença tão distinta de tudo em Hollywood. Fantasia e ficção científica não são de todo a minha praia com brevíssimas excepções. Acreditei no início do filme que iria gostar, quando comecei a escutar o narrador em voz suave a apresentar-nos a uma princesa que se masturba na água enquanto os ovos matinais fervem. A água, princípio e fim de tudo neste filme. Achei nos primeiros dez minutos que estava a ver um misto de Amelie Poulain com Benjamin Button com um quê de Lars Von Trier. Infelizmente o argumento não me conseguiu prender ao ecrã como nos primeiros minutos e apesar de perceber a beleza das metáforas  (ou da metáfora maior) e também de algumas cenas, como diálogos, não foi um filme que me deslumbrasse. Por todos estes contrastes e por achar que talvez não esteja a dar ao filme o benefício da dúvida  (ou a pressão de 13 nomeações aos Oscars), um 7 envergonhada ou então um 6 pouco convencido porque o IMDB não permite meios pontos.


The Greatest Showman


Foi com alguma surpresa que vi hoje as nomeações aos Oscars (aliás várias surpresas mas a isso iremos no post pré-oscars). O The Greatest Showman só teve una nomeação, a de melhor música, e sendo um musical comme il fault eu esperava mais. Não que eu tenha ficado absolutamente rendida a este filme, talvez porque esperava alguma surpresa dele e isso não aconteceu. As músicas são compostas pelo mesmos autores de Lalaland mas é um musical clássico, romântico, com moral da história e um final feliz. É o filme perfeito de Natal sem dúvida, com músicas que ficam no ouvido, e bons desempenhos, pena que o tenha visto em Janeiro. Destaca-se Michelle Williams, com muito mais salero que que o habitual e a mensagem bonita que neste mundo podemos ser quem quisermos e que a beleza não está nos olhos de quem vê e sim em todas as pequenas coisas que são feitas com empenho e amor e nos poucos, mas bons que nos rodeiam. Um 7 em 10.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

I, Tonya


Eu acredito fielmente que este filme tenha um efeito diferente em mim ou vocês, do que tem num americano que viveu o sensacionalismo da história de Tonya Harding em 1994, intensamente. A verdade, é que ainda sendo uma tentativa de mostrar a verdade dos acontecimentos, este filme não desculpa Tonya, pelo contrário, mostra a verdade dela que nem sempre é clara e muitas vezes ambígua. Queixam-se também do exagero de violência doméstica, da banalização da mesma, penso, sem se lembrarem que esta é uma tragico-comédia. Não é um filme para ser amado, pelo contrário. 
Em jeito de doco-filme ficcionado, o realizador faz questão de manter as coisas um pouco confusas. Tonya é uma anti-heroína e apesar de ser a vítima do filme, vítima por 20 anos e milhões de americanos, não conseguimos sentir simpatia por ela. E a isso muito se deve o excelente desempenho de Margot Robbie. É proprositado, aviso já. Mas como falar de desempenhos sem falar de Allison Janney que já levou o Globo e levará o Oscar. Pensar então que esta é a mesma actriz que faz de mãe de Juno, faz-nos realmente apreciar o seu desempenho. Este não é um filme sobre bons nem maus.  Sobre vítimas nem heróis. Nem sequer é um filme sobre ice skating. Shit happens como a Tonya nos diz. E nós temos que viver com isso. Um Goodfellas da patinagem artística. Leva 7 estrelas minhas. 

Call me by your name


Há tanta coisa que poderia dizer sobre isto, mas tanta que não quero dizer. Acho que há certos filmes que não se explicam, no entanto é imensamente importante que sejam feitos. Este é um filme emocionante, romântico e desafiador. Bastante desafiador. Mas ao mesmo tempo não é nada pesado, é simplesmente encantador. Leva-nos ao primeiro amor, ao descobrir da sexualidade, a sensualidade presente em cada frame, tudo isto sem género. "I'm bi. - I thought you were Italian!"


Os diálogos são soberbos, o filme imita a arte ou a arte imita o filme, fico baralhada. Há também muito meta-texto, uma música linda que nos envolve, uma fotografia que nos leva àquela villa italiana em 83 e aquele monólogo final do pai que diz tudo, mas tudo, o precisamos de saber sobre a vida e sobre o amor. Que filme bonito. 8 estrelas.

PS- Dentro de filmes do género, este lembrou-me muito alguns dos meus favoritos que recomendo também, aqui estão:





terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Coco



Fui sem expectativas para este filme e saí de coração cheio. Não sabia nada sobre o argumento e fui me encantando a cada frame, que sejamos logo claros de raiz, é lindo de morrer. Sendo fã assumida da cultura mexicana e curiosa acerca dos rituais sobre a morte de diferentes culturas, adorei como este filme nos dá tanto sobre estas duas temáticas. É sempre refrescante ver um filme "infantil" tratar de forma tão desempoeirada um tema como a morte. E ao mesmo tempo, a bonita a conclusão de que apenas morremos quando deixamos de ser lembrados. Gosto de acreditar que um dia vou beber umas tequilas numa cidade dos mortos tão bonita como a que Coco mostra. Emocionante e adequado a toda família. Oscar de melhor filme animado e música original garantidos. Algumas lágrimas também. 8 estrelas.

Three Billboards


Tenho tentado pôr em prática o que me ensinaram há anos como uma boa regra para a vida: a film a day, a book a week. Sendo altura de prémios torna-se ainda mais fácil. Os Globos abriram caminho para os possíveis nomeados aos Oscars e eu fui-me antecipando, para que este ano não falte nada.

Comecei pelo melhor, se não estou em erro. Não devo estar, este foi um dos melhores filmes que vi na vida. Sou uma eterna apaixonada por histórias simples contadas de uma forma fantástica, se bem que esta história é tudo menos plana. Com laivos de Fargo e Grand Budapest Hotel, a mulher de Joel Coen lidera um elenco de luxo que nos dá um show de representação. Tudo em Three Bilboards é non-sense, tudo um pouco anedótico, mas tudo faz sentido, como se de um poema se tratasse, onde as últimas palavras não têm de rimar. O final é perfeito, os diálogos são geniais, a música country quase serve de personagem. Uma das mais valias do filme reside exactmente nas personagens, até as mais secundárias, tão redondas, todas elas. 

Ri, ri muito. E chorei ainda mais, como só os bons filmes conseguem. Uma lição magnânima sobre o perdão, sobre a bondade e também sobre o amor. Creio que não lhe escaparão os óscares de desempenho (Frances está soberba) mas também argumento e filme. Filmes assim que nos marcam o dia, quiçá a vida. 9 estrelas.