domingo, 16 de dezembro de 2007

Just as sweet I think you are....

Este clássico da Linda Scott ganhou ainda mais brilho com o filme Mulholland Drive de 2001 (o melhor filme de sempre pois claro) e tornou-se desde a primeira vez que ouvi num dos meus pequenos tesourinhos musicais. A voz, a letra... são pequenas delícias e este clip com o vinil enquadra-se perfeitamente na minha intenção.
Ti... my dear, my molly... Esta é para ti!


sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

I support the american screenwriters strike!!











Sem os argumentistas a nossa vida seria bastante mais triste e menos colorida. São eles os criadores de personagens deliciosas como
Dr. House e Christian Troy. São eles que fazem com que o nosso coração bata mais rápido mal vemos as letras brancas em fundo preto que anunciam: LOST. São eles que criam expressões como "yadayadayada" do Seinfeld e "Hou´re you doiiiiing?" do Friends e que nós, os fãs, nos fartamos de repetir ao longo da nossa vida. São eles que nos fazem chorar com as tristezas da família Walker de Brothers and Sisters. Que nos fazem dizer "Oh my god" ao vermos o Hank da Californication ser espancado na cama por uma miuda de 16 anos. Que nos fazem rir como se não houvesse amanhã com as tiradas de génio da Bree em Donas de Casa Desesperadas.... Eles criam as personagens, os diálogos, os visuais, as histórias.... ELes criam as vidas que nos acompanham em paralelo com as nossas na tv mais próxima. Ser argumentista é das profissões mais nobres que existe e que um dia eu espero poder abraçar. Há que que dar valor a quem o tem! Por isso: EU APOIO A GREVE DOS ARGUMENTISTAS DE TELEVISÃO NORTE AMERICANA.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Porque é que Californication é a minha série favorita de 2007?


CaliFORNICATION não tem nada a ver com a música dos Red Hot Chili Peppers... Aliás, estes não acharam piada nenhuma ao empréstimo de nome e puseram a Showtime em tribunal por plágio... A showtime porém, argumenta que esta é uma expressão muito em voga desde os anos 70 em LA, logo não temem o processo. Mas por muitas polémicas que a série crie com factos externos, não há nada mais tumultuoso que a série em si. A fazer lembrar o Nip/Tuck, mas com um registo mais de comédia que a série dos cirurgiões plásticos, Californication é simplesmento bom demais para ser verdade. Os diálogos inteligentes e mordazes são do melhor. A fotografia, óptima, a fazer nos sentir naquele ambiente de sol e promiscuidade. As cenas de sexo, top. Sempre tão divertidas e ao mesmo tempo a deixar um arrepio no estômago. As personagens, cada uma melhor que outra. O personagem principal, Hank, um escritor que não consegue escrever. A ex mulher sempre presente, apesar de distante. A filha de 13 anos que para além de ter um ar estranhissimo é a pessoa mais coerente da série toda. A meia irma da filha que com apenas 16 anos é uma teaser implacável que o tenta violar sempre que o vê. O agente dele que recusa o sexo com a mulher em casa para poder passar os dias a dar palmadas no rabo da secretária sado masoquista. E depois todas as personagens secundárias, sempre tão ricas e complexas. A série faz rir, ás vezes dá vontade de chorar... Dá enormes lições de vida sobre o amor, sobre a família enquanto mostra cenas sucessivas de sexo com estranhos, consumos exacerbados de alcool e drogas, arrogância para com o mundo e inutilidades... 30 minutos bem passados. Recomendo e deixo aqui o trailer para ilustrar o que digo.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Magical...

Tropecei nesta música dos The Magic Numbers e gostei tanto que tinha de partilhar. Kisses






Oh, maybe I think maybe I don't
Maybe I will maybe I won't
Find my way this time
I hear you're calling me soon

One of these days
Some of these days, and somebody pays
It happens all the time
I'll believing, believing you wanted me to

And maybe I'm a fool for walking in line
And maybe I should have tried to leave this time
I'm an honest mistake that you made
Did you mean to?
Did you mean?
Oh, did you mean?

Love is just a game
Broken all the same
And I will get over you
Love is just a lie
Happens all the time
Swear I know this much is true

Oh, and they coloured you up
They coloured you down, they coloured you in
And I've been waiting so long
To take you home

And maybe I think, maybe I don't
Maybe I will, maybe I won't
Find my way tonight
But I hear you're calling me soon

And maybe I'm a fool for walking in line
And maybe I should have tried to leave this time
I'm an honest mistake that you made
Did you mean to?
Did you mean?
Oh, did you mean?

Love is just a game
Broken all the same
And I will get over you
Love is just a lie
Happens all the time
Swear I know this much is true

And maybe I'm a fool for walking in line
And maybe I should have tried to leave this time
I'm an honest mistake that you made
Did you mean to?
Did you mean?
Oh, did you mean?

Love is just a game
Broken all the same
And I will get over you
Love is just a lie
Happens all the time
Swear I know this much is true

sábado, 17 de novembro de 2007

Good Luck!!!!

Ontem concerto da Vanessa da Mata no Coliseu do Porto. Repetiu duas vezes a música do Verão, Boa Sorte/ Good Luck: "There is a disconnection/ See through this point of view/ There are so many special people in the world/ So many special people in the world in the world/All you want/ All you want".


Pergunta do dia
Se há tantas pessoas especiais no mundo porque diabo eu não as conheço???????

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Without True Love... We Just EXIST...

Duas músicas estonteamente bonitas de um dos meus filmes favoritos: Alfie... aparentemente umA comédia mas das coisas mais tristes feita em cinema. O primeiro clip com a música original do filme de 1967 com o Michael Caine, nomeado ao Oscar de melhor musica. A segunda dos Rolling Stones feita para o remake de 2004 com o bom do Jude.



What's it all about, Alfie?
Is it just for the moment we live?
What's it all about when you sort it out, Alfie?
Are we meant to take more than we give
or are we meant to be kind?
And if only fools are kind, Alfie,
then I guess it's wise to be cruel.
And if life belongs only to the strong, Alfie,
what will you lend on an old golden rule?
As sure as I believe there's a heaven above, Alfie,
I know there's something much more,
something even non-believers can believe in.
I believe in love, Alfie.
Without true love we just exist, Alfie.
Until you find the love you've missed you're nothing, Alfie.
When you walk let your heart lead the way
and you'll find love any day, Alfie, Alfie.



thought I shook myself free
You see I bounce back quicker than most
But i'm half delirious, Is too mysterious
You walk through my walls like a ghost
And I take everyday at a time
I'm as proud as a Lion in his Lair
Now there's no denying it, a note to crying it
Your all tangled up in my head

Old habits die hard
Old soldiers just fade away
Old habits die hard
Harder than November rain
Old habits die hard
Old soldiers just fade away
Old habits die hard
Hard enough to feel the pain

We haven't spoken in months
You see i've been counting the days
I dream of such humanities, such insanities
I'm lost like a kid and i'm late
But i've never taken your coats
Haven't no block on my phone
I act like an addict, i just got to have it
I can never just leave it alone

Old habits die hard
Old soldiers just fade away
Old habits die hard
Harder than November rain
Old habits die hard
Old soldiers just fade away
Old habits die hard
Hard enough to feel the pain

And I can't give you up
Can't leave you alone
And its so hard, so hard
And hard enough to feel the pain

Old habits die hard
Old soldiers just fade away
Old habits die hard
Harder than November rain
Old habits die hard
Old soldiers just fade away
Old habits die hard
Hard enough to feel the pain

sábado, 10 de novembro de 2007

Tira a teima

Esta música que andei a cantar feita louca nos últimos dias, parece que foi feita para mim. Eu não levo as coisas de ânimo leve, não faço nada gratuitamente, não digo nada por dizer. E acredito sinceramente que aquilo que sou pode ferir, rasgar e queimar :) E ainda graças a esta música o segurança do meu prédio pensa que sou louca, porque me apanhou estacionada à porta de casa, sozinha às 4 da manha, a dançar e cantar isto energicamente. E por falar em energia...

Se um dia me aproximar de ti
Não penses que é só um flirt
Não julgues que é um filme
Que já viste em qualquer parte
Pensa bem antes de agires
Evita ser imprudente
Faz a carta do meu signo
E vê à lupa o ascendente
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou


Tem cuidado e tira a teima
Que sou tu não sonhas ao que venho
Não sabes do que sou capaz
Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás
Vem sentar-te à minha frente
E diz-me o que vês em mim
Não respondas já a quente
Pondera antes de dizer sim


Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou fere, rasga e queima
Diz-me diz-me se vês o granito
Onde a cidade, os grandes temas
Diz-me se vês o amor infinito
Ou somente um par de algemas

Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou.

Canção Simples... Fazes muito mais que o sol...

Eu já há muito tempo de andava de olho neste senhor, mas sinceramente o projecto Toranja nunca me entusiasmou. Agora este novo projecto, principalmente CANÇÃO SIMPLES, enche-me as medidas. O poema é lindissimo, a voz enebriante, o video clip uma delícia. Ainda para mais o Tiago é um querido que me prometeu que quando viesse ao Porto me ia cantar ao ouvido. Dá gosto elogiar artistas assim... Cá o espero.


Há qualquer coisa de leve na tua mão,
Qualquer coisa que aquece o coração
Há qualquer coisa quente quando estás,
Qualquer coisa que prende e nos desfaz

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol

A forma dos teus braços sobre os meus,
O tempo dos meus olhos sobre os teus
Desço nos teus ombros para provar
Tudo o que pediste para levar

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Tens os raios fortes a queimar
Todo o gelo frio que construí
Entras no meu sangue devagar
E eu a transbordar dentro de ti

Tens os raios brancos como um rio,
Sou quem sai do escuro para te ver,
Tens os raios puros no luar,
Sou quem grita fundo para te ter

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Quero ver as cores que tu vês
Para saber a dança que tu és
Quero ser do vento que te faz
Quero ser do espaço onde estás

Deixa ser tão leve a tua mão,
Para ser tão simples a canção
Deixa ser das flores o respirar
Para ser mais fácil te encontrar

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais…

Vem quebrar o medo, vem
Saber se há depois
E sentir que somos dois,
Mas que juntos somos mais

Quero ser razão para seres maior
Quero te oferecer o meu melhor
Quero ser razão para seres maior
Quero te oferecer o meu melhor

Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol
Fazes muito mais que o sol

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Homenagem Póstuma


David Chase, um argumentista com muita experiência em televisão, mas sem nada de significativo no currículo, propôs a série Sopranos a duas grandes redes norte-americanas, mas viu o seu projecto ser rejeitado por ambas. Depois de algum tempo, o canal por cabo HBO ponderou a proposta e em 1999 Sopranos foi desenvolvida com qualidades e características impossíveis numa emissora de canal aberto. Não só por serem outros os limites de auto censura na violência e na linguagem, mas também porque a escolha do protagonista, James Gandolfini, não teve que passar pela aprovação dos lugares comuns estéticos, habituais na televisão de canal aberto. Gandolfini: careca, carrancudo e barrigudo representa Tony Soprano, chefe de duas famílias, a sua própria e a da máfia de New Jersey.

Eduardo Cintra Torres apresenta no seu texto “A mil dos anos dos Sopranos”, a sua visão da série: "Há uma mensagem implícita em Sopranos: as coisas nunca são apenas o que são, dizem mais do que dizem à superfície - assim é o poema, assim são os Sopranos." O critíco de televisão sobressai a luta entre o bem e o mal na série e a confusão que esta pode provocar nos espectadores: "Os Sopranos podem viver do crime, extorsão e ilegalidade, mas quando um polícia honesto multa Tony por excesso de velocidade, a mulher, que sabe muito bem donde vem o dinheiro para a casa, comenta a seu lado que os polícias bem podiam era andar atrás dos traficantes de droga." Cintra Torres compara esta série com O Padrinho de Francis Ford Coppola e premeia a sua genialidade afirmando que esta “é uma de três ou quatro que podem aspirar ao galardão informal de melhor série televisiva de sempre.”

Com as primeiras cinco temporadas já exibidas em Portugal, a sexta e última temporada começou a ser exibida nos Estados Unidos a 3 de Março de 2006.

O sucesso dos Sopranos foi tão grande, que a série se tornou uma âncora para a toda a programação da HBO. Com vários galardões ganhos, David Chase, o criador da série foi o mais premiado, principalmente a nível monetário com 15 milhões de dólares por temporada.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

RUN FORREST, RUN!!!!!!


Para os amantes de cinema aqui fica este docinho. Beijos para todos.

Lost... in a Plot


A série Lost criou aquilo que já foi apelidado de Lostmania, sendo o melhor exemplo de como a televisão movimenta dinheiro muito para além dos ecrãs. Nos últimos três anos a ABC lançou livros (destaque para o caso de sucesso Lostpedia), colecções de roupa, Goodies (pequenos bonecos de plástico que reproduzem personagens de ficção) e provocou a discussão no seio de diferentes meios. Uma busca pela série Lost no Google, remete-nos a 455 milhões de entradas e num qualquer fórum sobre esta série (existem centenas em línguas diferentes), um tópico novo merece por vezes mais de 1000 comentários de usuários.
Lost é como na maioria das séries de sucesso, uma produção norte americana. A espinha dorsal do argumento é a queda de um avião numa ilha aparentemente deserta e a consequente forma como os sobreviventes vão, passa a redundância, sobreviver. Lost começou a ser desenvolvido em Janeiro de 2004, quando o então director da ABC, Lloyd Braun encomendou um argumento baseado numa ideia que ele afirmava ter há algum tempo, uma mistura do filme Cast Away e o reality show Survivor. Braun contratou J.J. Abrams, criador da série de culto Alias, para juntamente com Damon Lindelof, criar o estilo único da série e das suas personagens. O primeiro episódio foi para o ar nos Estados Unidos no dia 22 de Setembro de 2004 naquele que foi o episódio de um programa mais caro da história da televisão. Curiosamente e mesmo depois de centenas de prémios ganhos, Lloyd Braun foi despedido pela Disney, dona da cadeia ABC, por ter aprovado um projecto tão caro e arriscado. Em relação às críticas pela falta de respostas dadas na ilha, os argumentistas respondem: “Os críticos são fãs da série e quando eles estão a fazer uma critica negativa, fazem-na com o seu cérebro de fã a funcionar e não objectivamente como críticos de televisão.” Prepotência ou não, o certo é que a ABC assinou no início deste mês um contrato milionário até 2010 com J.J. Abrams e Damon Lindelof, altura em que a série contará a sua sexta temporada. Até lá ficarão por resolver os mistérios que assolam a ilha: homens invisíveis, ursos polares que saltam de livros de banda desenhada, mortos que voltam à vida, indivíduos que não envelhecem e o já carismático monstro lostzilla que não parece mais do que uma densa nuvem de pó.
PS- Sou uma lostmaniac... Também está definitivamente no meu top 3. E para quem sabe do que eu estou a falar... Digam lá que o "The man behind the curtain" não vos arrancou da cadeira... God loves you as He loved Jacob.

Nip/ Tuck: A Face Lift of a Drama



Nip/Tuck é uma polémica série dramática norte-americana. Foi criada por Ryan Murphy para o canal por cabo FX Networks e exibida pela primeira vez a 22 de Julho de 2003, tornando-se na estreia com mais espectadores na televisão por cabo americana. Nip/Tuck segue a vida de dois cirurgiões plásticos de Miami, Sean McNamara (Dylan Walsh) e Christian Troy (Julian McMahon). A série, embora não seja estritamente uma soap opera, apresenta alguns “story arcs” (tramas que se desenvolvem ao longo da série e que se ligam ao longo dos episódios). A série tem atraído criticas de grupos como Parents Television Council e outros, devido às suas cenas explicitas de procedimentos cirúrgicos e actos sexuais.
A série é definida pelo elenco e produtores como: “Non-Ortodox, agressive, caotic, dangerous, tender, emocional, delicious, rude and sometimes ridiculous…”
Na verdade Nip/ Tuck dificilmente se encontra dentro de uma definição de género, uma vez que é uma mistura de vários referentes e ao mesmo tempo uma fórmula inédita na televisão mundial.
Ryan Murphy afirma que a série é sobre as escolhas que as pessoas fazem na vida e sobre as consequências que estas produzem. Não é acerca de finais felizes e sim acerca de pessoas ambíguas, moralmente incorrectas de quem o publico pode até nem simpatizar.
Aquando do processo de preparação da série, Ryan Murphy e os restantes produtores sentiram-se divididos entre fixar a série em Miami ou em Los Angeles. Optaram pela primeira cidade, uma vez que esta lhes oferecia mais alternativas a nível de argumento. Los Angeles é o tipo de cidade que está e estará sempre associada ao mundo do cinema enquanto que Miami para além de ser a cidade de acolhimento de muitas etnias, é uma cidade onde o sol e a praia são a prioridade de muitos moradores. Assim sendo, a tirania da beleza e da perfeição exige que cada vez mais pessoas recorram à cirurgia plástica para poderem pertencer a este mundo cor-de-rosa.
Na verdade Nip/ Tuck não fala das cicatrizes externas, daquelas que se curam com ou depois de uma cirurgia plástica e sim das internas, daquelas que não se podem curar. Nip/ Tuck mostra que a maioria das pessoas que quer mudar alguma coisa no seu exterior, é porque se sente descontente com o seu interior. Talvez por isso a cirurgia plástica seja viciante, porque um individuo descontente consigo próprio, nunca vai atingir a perfeição mesmo que seja, como diria Christian Troy, “a perfect ten”.
Ao mesmo tempo que mostra o drama na vida das personagens, a série enche-nos os olhos com visões de roupas de griffes, carros de alta cilindrada, tecnologia de ponta e casas saídas de revistas de decoração, que já fizeram com que críticos apelidassem a série de “trágico-comédia vestida de Armani”. Para Ryan Murphy, apenas num mundo tão superficial como o de Miami e o das operações plásticas se pode mostrar a crueldade e o horror que existe em cada meio, por mais glamour que tenha. Este é o tipico caso em que os opostos são ilustrativos e até imprescindíveis.
Mas Nip/ Tuck não tem a intenção apenas de chocar sensibilidades, de esticar a corda ao máximo possível. A maioria das histórias que aparecem em Nip/ Tuck são baseadas em casos reais e a série pretende mostrar assim que a cirurgia plástica tem mais importância na vida das pessoas do que aquilo que elas realmente querem admitir.
Para John Hensley, actor que interpreta o papel de Matt, a ambiguidade das personagens é o principal ingrediente para fazer desta uma série de sucesso: “There no good guys at Nip/Tuck, and that’s what I love about it”.
Nip/Tuck fala essencialmente de amor. Não de um ponto de vista romântico ou convencional e sim de uma forma nunca abordada na televisão. Christian é apaixonado por Júlia. Sean é apaixonada por Júlia. Júlia sente-se dividida entre a paixão por Christian e o amor por Sean. Mas a verdadeira história de amor de Nip/ Tuck não está neste trio amoroso. A verdadeira história de amor é vivida entre Sean e Christian, dois amigos que têm uma relação extremamente honesta, como raramente se consegue ver. E é aqui que Nip/ Tuck mais uma vez marca a sua diferença. Até então nunca existiu uma série cuja centralidade estivesse na história de amor entre dois homens heterossexuais, que mais do que amigos, mais do que irmãos, são a alma gémea um do outro, a outra metade da laranja.
Com desempenhos notáveis nos papéis principais; personagens secundárias extremamente ricas e bem moldadas; consultoria clínica e caracterização impecável que lhe confere verosimilhança e credibilidade nas cenas cirúrgicas; com fotografia, montagem e música irrepreensível; Nip/ Tuck arrisca-se mesmo a tornar-se, tal como anuncia no seu site de apresentação “Uma série perturbadoramente perfeita”.
PS- Está no meu top 3 das melhores séries de sempre... Para quem nao conhece... Aconselho vivamente.

Depois da Cinefilia a Telefilia

Proliferação do mercado DVD e a grande aposta nos conteúdos televisivos



Martin Scorcese, realizador consagrado, recentemente afirmou: “O Dvd foi a melhor coisa que aconteceu ao cinema”. Scorcese afirma que tem milhares de títulos e que se sente profundamente atraído pelo objecto físico, como se ao possui-lo estivesse ao mesmo tempo a possuir um bocadinho do que aquele filme representou para o cinema. Hoje em dia poucos são os filmes que levam as pessoas ao cinema. Apesar de épicos como “Guerra de Estrelas” ou infantis como “Cars”, continuarem a encher auditórios, o cinema enquanto sala de espectáculos perdeu muito da sua mística e grandiosidade. O mercado de Dvd em contrapartida está em crescimento nos últimos anos, fenómeno que nem a crescente adesão à pirataria veio prejudicar. Na verdade cada vez mais são os apreciadores de cinema que gostam de apreciar um bom filme no conforto da sua casa, onde não têm de ouvir comentários desapropriados dos vizinhos da cadeira do lado nem enfrentar o irritante ruído do mastigar das pipocas. Para além disso, ir ao cinema é cada vez mais caro, enquanto que o preço dos Dvd´s para compra tem descido vertiginosamente, impulsionando o crescente número de coleccionadores. O facto de os aparelhos de televisão terem cada vez mais qualidade a preços mais acessíveis, vem acentuar esta tendência. Hoje em dia um blockbuster no cinema, é passado três meses um blockbuster no clube de vídeo e passado seis meses um blockbuster numa qualquer cadeia de televisão, pelo que uma ida ao cinema é cada vez menos justificada.
Com as séries de televisão o ciclo de vida é ligeiramente diferente das longas e curtas metragens. Uma série implica um compromisso que se pode prolongar por várias temporadas (por exemplo a série Friends durou 10 anos) e um trabalho de bastidores muito superior ao que um filme implica. Esperar pelo horário em que uma estação transmite o episódio semanal tornou-se um acto quase religioso e que faz o espectador criar uma relação mais intimista com o seu aparelho de televisão. Por outro lado os horários inconstantes e os cortes ininterruptos na programação fazem com que muitos espectadores não tenham paciência e dedicação para seguir a série assiduamente, impulsionando a compra de packs com as séries em lojas especializados. Para além desta ser uma forma de fugir à irregularidade da programação televisiva, é uma boa solução para os coleccionadores que cada vez mais se dedicam às séries de televisão em detrimento dos filmes.
Tal como há várias décadas se fala do termo “filme de culto”, é cada vez mais comum ouvir a expressão “série de culto”. Este é um fenómeno que começou com Twin Peaks de David Lynch e explodiu no século XXI com séries como Lost, Sopranos e Nip/ Tuck. A proliferação do mercado Dvd, veio abrir caminho para uma nova geração de séries cujo período de vida ultrapassa a exibição televisiva. Os próprios clubes de vídeo fazem agora a sua grande aposta nas séries em Dvd e o lançamento de cada nova temporada para aluguer é motivo de grande destaque ao nível do lançamento de uma grande produção cinematográfica.
Isto torna o mercado cada vez mais exigente e faz com que produtores e argumentistas de televisão se esforcem cada vez mais a nível estético e formal, aproximando estas disciplinas do cinema e afastando-as da televisão. As séries actuais são cada vez mais rodadas de forma cinematográfica, levando cada episódio um período de tempo de concretização equivalente ao de uma longa metragem. Seja a nível de argumento, de desenho das personagens, de cenários, de fotografia, de montagem ou de caracterização, as séries vestem cada vez mais a identidade do cinema, pondo as grandes produtoras a apostar neste nicho e actores de renome a catapultar do grande para o pequeno ecrã. Exemplo disso são os actores Alec Baldwin, Charlie Sheen, Brooke Shields, Kyra Sedgwick e Geena Davis que após anos de sucessos cinematográficos se renderam à tentação de serem as estrelas do seu próprio show televisivo. Por outro lado a televisão devolveu a fama a actores esquecidos do grande público, como aconteceu com Teri Hatcher que com Desperate Housewives voltou às luzes da ribalta. O mesmo aconteceu anos antes com Sarah Jessica Parker que após uma sequencia de filmes série B conheceu o sucesso através de Sexo e a Cidade. Hoje Sarah Jessica Parker é uma das actrizes mais bem pagas do cinema à semelhança de Jennifer Aniston, também ela uma ex-estrela de televisão.
Lynn Fero, vice-presidente da Paramount, responsável pelos conteúdos televisivos, afirmou que a televisão é neste momento uma enorme ameaça ao cinema como nunca antes tinha sido. Numa conferência dada no Teatro Maria Matos sobre a tecnologia digital, Lynn Fero revelou que o investimento que a Paramount fez em cinema no ano 2006 foi equivalente ao que fez em televisão, algo de inédito para uma produtora de Hollywood. Fero confidenciou aos jornalistas e aos diferentes convidados na área do cinema que acredita que a televisão voltou aos seus anos dourados e que irá cada vez mais roubar espectadores às salas de cinemas. No contexto da conferência, Fero frisou ainda que a tecnologia digital é essencial para que haja uma mudança de era da cinefilia para a telefilia.

Ora vamos lá falar de televisão...


Têm me chegado queixas que o blog anda adormecido. A verdade é que entre as inúmeras noites de copos e as viagens (que graças a deus) tenho planeadas para este Verão, não sobra muito tempo para cinemas. Vi o Spider Man em Nova Iorque, na rua onde se passavam partes do filme e confesso que adorei. Se calhar imbuída por aquele espirito de Times Square, levei a coisa mesmo a sério e não foram poucas vezes que saltei da cadeira. Houve tempo para gargalhadas e até um pouco de emoção. Mas, let´s face it: filmes como Spider Man não são a razão para este blog existir. Aqui pretendo passar um bocadinho ao lado daquilo que de mais comercial se faz, apesar de (e contra mim falo), hoje ter escolhido falar de televisão.


Ultimamente vejo cerca de 3 horas diárias de uma qualquer série de televisão. Seja ao fim da tarde depois de desesperar com a falta de sol, seja à noite naquele horário em que só há televendas. Depois de ter terminado o Prison Break, a Anatomia de Grey, o Lost, o Dexter e o Dirt, resta-me adoçar o meu Verão com alguma coisa mais light como por exemplo Gilmore Girls. Faltam-me duas temporadas de sete para terminar e depois partirei para Big Love, seguido de Wheeds e depois talvez 4400. Quero todas, comer todas que valham a pena.

E apesar de este ser um negócio da china para as produtoras, não considero que maior parte delas sejam produtos comerciais. São séries com muita qualidade que são vistas por muita gente.


A seguir transcrevo um texto que fiz sobre este novo fenómeno. Espero que gostem.


PS- que deliciosa a tv em Nova Iorque... série atrás de série all night long. Dos velhinhos e amados Friends, aos actuais Scrubs até às novissimas Army's Wives. Que bom.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

INLAND EMPIRE ou como arranjar uma enxaqueca por três horas



INLAND EMPIRE. Um filme. Um remake do filme. Los Angeles. Polonia. Laura Dern actriz, dona de casa, prostituta, assassina. Espectadores que sonham com os filmes que estão a ver. Actores que têm pesadelos com os filmes que estão a fazer. Luz, muita luz. Negro, muito negro. O mesmo telefone vermelho de Mulholland Drive, o mesmo toque, o mesmo tema: Cinema - Hollywood. Uma actriz que não consegue sair da personagem, um marido que não sabe lidar com os ciumes. Um realizador que que não sabe que filme está a realizar, três coelhos em lides domésticas. Vários McGuffins que vão do gira discos a remeter para o sexo ao candeeiro em forma de pódio. A disputa de várias personalidades por um só corpo. Vampirismos, pesadelos e apropriações. Nove prostitutas a dançarem o Locomotion. David Lynch ri. Ri com vontade.

domingo, 18 de março de 2007

The Queen


Nao gostei do The Queen. Fez-me lembrar aqueles telefilmes que via nas férias em Espanha, em que havia um Carlos, uma Diana, uma Isabel e até uma Camilla a falar castelhano. O risco de se recriar uma situação real, passada apenas há 10 anos atrás é enormissimo, e neste caso não foi bem sucedido. São personagens reais que o mundo conhece demasiado bem, uma tragédia que se mantém ainda bem presente na memória cada um. Creio que Stephen Frears devia ter esperado um pouco mais de tempo. Devia ter esperado que Tony Blair já não fosse Primeiro ministro, que Isabel II já não fosse rainha. Biopics como Ray e Walk the Line funcionam bem, porque retratam épocas há muito passadas e acima de tudo porque falam de herois já mortos.

As imagens reais da Princesa Diana, Bill Clinton e Nelson Mandela que realmente passaram nas televisões de todo o mundo, assim como os testemunhos de populares e manchetes de jornais que foram publicados, não se conjugaram bem com a parte ficcionada, não houve uma harmonia entre a verdade e a ficção. A verdade é que este filme (50% imagens de arquivo/ 50% representação) tem muito pouco, ou quase nada de estética cinematográfica, não passando de uma reconstituição dos factos de alta qualidade.
Safa-se Hellen Mirren, perfeita, arrepiante... Fico feliz que o único Oscar que o filme recebeu tenha sido para esta actriz. Seria uma injustiça para os restantes nomeados (melhor filme, melhor realização, melhor argumento original) verem The Queen levar mais estatuetas para casa.

PS- The Queen foi nomeado para 6 oscares e outras dezenas de variados prémios. Para além do mais teve excelentes criticas de todas as partes do mundo. Com isto quero dizer que gostos não se discutem, e apesar de eu não ter gostado, talvez valha a pena darem uma vista de olhos para me darem a vossa opinião.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Óscares: Premiar Arte ou Industria?



Quanto vale uma nomeação aos Óscares? Segundo Randy Nelson, professor de economia no Colby College, uma nomeação ao Óscar de melhor filme, rende em média o montante acrescido de 11 milhões de dólares em resultados de bilheteira. Já uma nomeação para melhor actor ou melhor actriz pode adicionar até um milhão de dólares ao Box Office, expressão usada para designar o ranking de filmes mais rentáveis num determinado período de tempo. Por este motivo grandes produtoras como Warner Bros, Fox, Paramount, Walt Disney e Miramax investem todos os anos milhares de dólares em campanha junto dos membros da Academia para que os seus filmes sejam nomeados.
The Queen, filme nomeado na categoria de melhor filme, passou de estar exibido em 344 salas na semana antes das nomeações para 1600 salas na semana seguinte. Este aumento representou o total de 3,7 milhões de dólares em resultados de bilheteira no espaço de uma semana. Os produtores de Babel, também nomeado na mesma categoria, viram o seu filme em exibição em 900 salas na semana após 24 de Janeiro, dia em que as nomeações foram anunciadas, em oposição com as 175 salas que ocupava na semana anterior. Porém ao observar o gráfico em cima, pode-se constatar que o número de filmes no top ten após as semana das nomeações desceu de 4 até ao total de 0 filmes na semana anterior à cerimónia dos Óscares.

Vários especialistas explicam este fenómeno como algo de bastante comum, uma vez que os filmes nomeados estrearam na sua maioria há vários meses atrás. Para além disso os filmes nomeados para os Óscares, marcadamente dramas, não costumam cair no goto dos espectadores que optam por películas mais ligeiras, principalmente no género comédia e animação. No ano anterior, as receitas das cinco longas metragens nomeadas ao Óscar de melhor filme, tiveram na sua totalidade um valor bastante inferior ao de um único filme da Disney: As Crónicas de Narnia. O mesmo acontece este ano com os filmes nomeados nas principais categorias, que conseguiram resultados de bilheteira muitos baixos. Letters from Iwo Jima, considerado pelos críticos como um dos melhores filmes de ano teve nos Estados Unidos uma receita de 2 milhões de dólares. Em oposição com este resultado, o também nomeado para 4 categorias técnicas: Piratas das Caraíbas, conseguiu 400 milhões de dólares nos Estados Unidos e 1 bilião de dólares a nível mundial.


Este fenómeno, porém, não é nada de novo e tornou-se previsível para a maioria dos especialistas. O ano de 2000 foi o último em que o filme campeão de bilheteiras arrecadou também o Óscar de melhor Filme. Aconteceu com o Gladiador e apenas durante 3 vezes mais nos anos 90: The Silence of The Lambs, Forrest Gump e Titanic.

De acordo com Abraham Ravid, professor de economia e finanças na Universidade Rutgers, um Óscar não representa obrigatoriamente uma melhoria visível nos lucros de um filme e principalmente pode limitar os trabalhos posteriores de um oscarizado. Essa vertente é muito visível nos actores e actrizes premiadas, que depois de receberem o Óscar têm usualmente dificuldades em arranjar papéis. Não só porque o seu valor no mercado subiu, limitando as produções de baixo orçamento, como também por ficarem demasiados associados ao papel que lhes valeu o Óscar.
Apesar dos fracos resultados de bilheteira, os filmes de 2006 têm agora com os Óscares uma nova oportunidade para revitalizarem os lucros. Para além das sessões extra que foram feitas para os filmes nomeados, muitos deles foram já lançados em DVD, o que representa uma lufada de ar fresco em termos monetários. De acordo com a revista Variety, o filme Crash subiu cerca 150% nas vendas de DVD a partir do momento em que foram anunciadas as nomeações. O mesmo parece acontecer com Litle Miss Sunshine, que após o anúncio das suas 4 nomeações passou para o quinto filme mais vendido na Amazon.
Arte ou Industria, os Óscares hão de estar sempre associados a resultados de bilheteira e venda de DVDs. E apesar dos prémios e os elogios da crítica estarem por vezes desfasados do número de espectadores, o certo é que a Academia opta por premiar filmes que possam projectar a imagem do Óscar a nível mundial. E coincidência ou não, Crash, o filme nomeado ao Óscar de melhor filme com maior receita de bilheteiras de 2006, arrecadou o galardão máximo contra qualquer expectativa, um ano depois repete-se o “filme” com The Departed, o menos elogiado pela critica a sair o vencedor da noite, deixando para trás os impopulares Babel e Letters from Iwo Jima.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

TIA - This is Africa : Blood Diamond



Esta frase, que aparece apenas duas vezes durante quase duas horas e meia, define o que é um dos melhores filmes de 2006 (american launch). Podemos começar pela fotografia, que vem mais uma vez mostrar o valor de Eduardo Serra e que deixa a desilusão de uma não-nomeação aos oscares. A imagem, castanha e com grão, tal como a terra que Leo DiCaprio segura na mão nas ultimas cenas do filme, transporta-nos numa viagem para a Serra Leoa, onde risos e lágrimas são uma constante. Os actores, todos os actores, estão inacreditavelmente bem. (Um oscar par Leonardo DiCaprio, por favor!) Este é um filme de consciências, apela ao lado humano de cada um e tem um papel no ano de 2006 semelhante ao que O Fiel Jardineiro teve em 2005. Ao mesmo tempo faz lembrar o Hotel Ruanda, talvez por serem dois filmes passados em Africa, sobre Africa. Este é um filme agressivo, com uma dose de violência brutal, que faz o espectador ficar com um nó na garganta. Fala de um diamante e de como ele pode mudar a vida de vários homens, com uma clara inspiração na Pérola de Ernest Hemingway.
Mas este filme, que como já disse é um filme de consciências, cai no erro de entrar em alguns cliches desnecessários. A lágrima, que é fácil demais em algumas cenas, devia ser guardada para os momentos realmente importantes. A montagem, por vezes confusa e dispersa, é um nitido exemplo de como o filme foi arquitectado para o suspiro constante em vez de uma visão mais realista e fria do tipico final feliz. Acho que o filme seria mais credivel sem os ultimos 10 minutos, ou seja as cenas passadas em Londres. O filme nasce em Africa e deveria morrer em Africa. Seria um final excelente, aquele plano do helicopetro em contra-luz a mostrar Africa em toda a sua plenitude. Seria um final em apoteose, com o desfecho em aberto a ficar na imaginação de cada um. Em contrapartida deixaram-se levar pelo final feliz, a fórmula batidissima de um inesperado heroi, desprezado durante todo o filme, e que acaba a ser aplaudido por uma plateia de ilustres.

Criticas à parte, este Blood Diamond, mais do que um bom filme, é um filme importante. Daqueles que significam alguma coisa, que ensinam alguma coisa. E como filme importante que é, dou-lhe 17 valores limpinhos.

Fica a questão: Deveria estar nomeado ao Oscar de melhor Filme? Digam-me vocês.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

And the Oscar goes to...

Próximo Domingo é a noite, a grande noite pela qual pessoas como eu, esperam durante alguns meses e vibram com o aproximar do dia. Eu sei que os Oscars nem sempre premeiam os melhores filmes desse ano (e cada vez mais) deixam de forma filmes que valia a pena serem valorizados. A academia é constituida por actores, realizadores, produtores, argumentistas, etc, sendo que cada um vota na sua categoria e todos votam na categoria de melhor filme. Ora num meio com tantas panelinhas como é o do cinema, obviamente que os prémios nem sempre são justos e o factor monetário tem a maior das influências. Alguns destes filmes ainda não estrearam em dvd, outros ainda estão em exibição nas salas americanas. Nada como um oscarzito para revitalizar um lançamento ou para assegurar um box office no próximo filme daquele actor/ realizador/ produtor/ argumentista/ etc. Mas isto não é novidade para ninguém, a arte cinematográfica é cada vez mais industria cinematográfica e...

Let´s face it: Quer se queira quer não, cinema é Hollywood, e que melhor exultação de Hollywood do que os Oscares da Academia...

Vou passar às minhas previsões e aos meus desenhos para a noite de Domingo. É que infelizmente, de certeza que não vão coincidir...

Desejos a azul, previsões a laranja:

Melhor Filme: Litle Miss Sunshine - Letters From Iwo Jima

Melhor Realizador: Martin Scorsese - Clint Eastwood

Melhor Actor: Leonardo DiCaprio - Forest Whitaker

Melhor Actriz: Kate Winslet - Helen Mirren

Melhor Actor Secundário: Djimon Hounsou - Eddie Murphy

Melhor Actriz Secundária: Adriana Barraza - Jennifer Hudson

Melhor Argumento Original: Babel - Babel

Melhor Argumento Adaptado: Borat Cultural Learning... - The Departed

Melhor Filme de Animação: Cars - Cars

Melhor Filme Estrangeiro: El laberinto del Fauno - El Laberinto del Fauno

Melhor Fotografia: The Illusionist - El Laberinto del Fauno

Melhor Montagem: Babel - Babel



terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Stranger than Fiction


Stanger than fiction é mais um da longa lista de filmes que foi injustiçado pela tradução ao titulo em português. Tal como aconteceu com Miss Litle Sunshine que com o titulo Uma familia à beira dum ataque de nervos, foi identificado como uma pura comédia estupida, Stranger than Fiction com Contado Ninguém Acredita, não fica propriamente a ganhar.

Stranger than Fiction é uma comédia sem duvida. Não daquela que arranca gargalhadas da plateia mas simples esgares de sorrisos com os diálogos inteligentes e bem estruturados. Deixa de lado os gags de situação e aposta num humor que nem qualquer pessoa gostaria. Aliás... Este não é o tipo de filme que vá coleccionar muitos admiradores em Portugal. É um filme sobre Literatura e sobre argumentismo e tem momentos de metalinguagem absolutamente deliciosos. Mas acima de tudo é uma lição de vida sobre o valor que cada coisa deve ocupar na nossa existência e quantos minutos devemos, ou não, dedicar a cada etapa.

Excelente argumento de Zack Helm a fazer lembrar um Charlie Kaufman mais leve e engraçado.
Bons actores. Um surpreendente Will Ferrell num papel que não cabe propriamente no seu género de comédia e os sempre bem Emma Thompson, Maggie Gyllenhaal (A Secretária) e Dustin Hoffman.
Marc Forster (Finding Neverland, Monster's Ball) a manter o nivel e as expectativas altas e a mostrar que um realizador não tem de fazer filmes todos iguais para se firmar no mercado cinematográfico.

Nota 15

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Babel de Inarritu



Fui ver o Babel e posso sem dúvida afirmar que é filme para Oscar, muito provavelmente o vencedor deste ano. Mas há muito mais para dizer sobre Babel. Este filme de Alejandro Gonzaléz Inarritu tem uma excelente montagem (não é à toa que está nomeado nesta categoria) e tem algumas interpretações exemplares (destaco a de Adriana Barraza e Rinko Kikuchi, ambas nomeadas ao oscar). Este é o típico filme “soco no estômago” que nos arrepia não necessariamente pelas imagens, não necessariamente pelos diálogos e sim pela envolvência das histórias, por aquilo que elas implicam… A critica social e antropológica como principal ingrediente, não deixa sequer de fora o retrato ao México como eterna cidade fronteiriça dos Estados Unidos e tudo o que isso implica. Inarritu e Arriaga, realizador e argumentista, ambos nados e criados no México dão aqui uma grande lição ao patriotismo cego de alguns realizadores norte-americanos que resulta em produtos hipócritas de pura propaganda nacionalista. De mencionar também a chamada de atenção à frieza norte-americana retratada não só nos turistas que preferem ignorar as férias de sonho manchadas pelo sangue alheio, como nos pais que deixam os filhos com uma empregada doméstica, por não terem nenhum laço familiar consistente.
Nota de destaque ainda para as histórias que se ligam, tão longe e tão perto. A adolescente que vive um silêncio que grita mais do que mil palavras, que parece ouvir constantemente uma música que deprime, apenas na sua cabeça. O pai, tão focado no seu próprio drama pessoal que não se apercebe que normalmente não sofremos sozinhos. O casal que parece ter atravessado o Atlântico para se verem pela primeira vez, a frustração de não se viver com quem se vive. A empregada mexicana, que apesar de legal continua a ser tratada como uma intrusa e que torna as crianças dos outros na sua própria família, a família que tem de ter para poder sustentar a sua própria. Por fim os laços familiares entre os habitantes do alto atlas, a desmistificar a imagem de que lá por se viver em grutas, não quer dizer que se viva como animais. A emoção do pai, o companheirismo do irmão… São, ao contrário do que acontece no cimo da torre da babel, uma língua universal.
Mas Babel apesar de ter todas as características que um Oscar pede, tem também alguns senãos que não o deixam, na minha perspectiva, ser o filme do ano:

1- A montagem. Já a indiquei aqui como uma mais valia, no entanto a montagem de Babel perde apenas num ponto: É idêntica à de
e à de Amores Perros e 21 grams , os outros dois filmes que compõem a filmografia de Inarritu. O mesmo se passa com a fotografia e a montagem sonora. Atenção! Isto não quer dizer que estas sejam medíocres, simplesmente deixa-nos uma sensação de deja pouco agradável para quem buscava uma surpresa/ revelação de Inarritu neste filme.

2- É uma fórmula gasta e repetida, a do argumento de Babel. É praticamente idêntica à de
Crash, o que talvez o impeça de ganhar o Oscar de melhor filme.

3- A edição. O filme tem cenas excessivamente lentas, algumas delas sem sentido estético e formal. Com menos 20 minutos de imagens, o resultado seria um filme melhor e mais passível de cair no goto dos espectadores.

4- Marrocos. Para quem como eu conhece o país e as zonas onde o filme decorre, o filme tem falhas de verosimilhança graves (o helicóptero nunca iria para Casablanca e sim para
Marrakesh que é muito mais perto do atlas e tem hospitais a nível internacional. Mas lá está… Babel é um filme para Hollywood ver e Casablanca é definitivamente mais hollywoodesco…) Para além disso Babel projecta uma má imagem deste Oriente aqui ao lado e acredito sinceramente que se o governo conhecesse o argumento, não daria autorização para as filmagens.

Contas feitas: Dou-lhe um 17 de 0 a 20, pela grandiosidade das imagens e pela audácia de
Inarritu de mostrar realidades a que estamos poucos habituados com um filme violento e mordaz.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Falemos de Cinema...

Agora que a boa disposição vai voltando aos poucos, posso falar um bocadinho daquilo que realmente gosto e me dá pica: Cinema.

Estamos a chegar à meta final da temporada dos prémios que culmina com a entrega dos oscares. Em relação a estes, apenas posso dizer que as nomeações mostram o quão fraquinho este ano foi em termos cinematográficos. Em contrapartida 2006 foi um excelente ano em termos televisivos. Será mesmo a era da telefilia, como profetiza João Lopes na Premiere de Janeiro?

As nomeações estão extremamente repartidas e existem 13 filmes com 3 ou mais nomeções, algo invulgar. Pan's Labyrinth, por exemplo, de quem pouca gente ouviu falar, recebeu 6 nomeções. O mais nomeado é Dreamgirls, filme que por ironia do destino não recebeu nomeação para melhor filme. 3 das nomeações são para melhor musica, ou seja, mesmo que ganhe em todas as categorias só levam 6 oscares para casa. Confesso que não acredito em Dreamgirls mesmo sem o ter visto. Basta ter a pseudo diva Beyonce no papel principal. Outra coisa que me indignou foi o facto de Letters From Iwo Jima estar nomeado para oscar de melhor filme e não de melhor filme em lingua estrangeira. Afinal já anteriores realizadores americanos realizaram filmes falados noutra lingua que não o ingles e foram remetidos para esta categoria. O Porquê da diferenciação? Por se tratar de Clint Eastwood?
Quanto às ausências, creio que as mais notadas são as de Volver e Apocalypto no oscar para melhor filme de lingua estrangeira. Eu sei que Volver não é o melhor filme de Almodovar, nem de longe nem de perto. Mas é um bom filme, que honra o cinema antigo americano dos anos 50 e tem um quê de filme noir com tragico-comédia telenovelesca. A cena do papel de cozinha é divinal. Um docinho que vale pelo filme todo. Quanto a Mel Gibson julgo que está a sofrer na pele a sua indiscutivel vontade de se tornar diferente. Hollywood não gostou de A Paixão de Cristo e o mesmo aconteceu com Apocalypto. Foge muito da american way of making movies, e para além do mais e isto é por todos sabido: os americanos não gostam de filmes que não são falados em inglês. Até o Iwo Jima teve honras de um titulo anglosaxónico.... E Eastwood é definitivamente, muito mais poderoso em Hollywood do que aquilo que todos imaginam.

Surpresas agradaveis: As 4 nomeações nas categorias principais para Litle Miss Sunshine (filme praticamente desprezado nos globos de ouro), a quinta nomeação para um oscar para Kate Winslet que tem só e apenas 31 anos de idade, a nomeação para melhor argumento original de Borat (uma comédia estupida, mas sem duvida um filme poderoso a nivel documental) e finalmente a descentralização da academia que se lembrou que Inglaterra também faz bons filmes e que do México não importam só a tequilla e as pinatas.

Um apontamento em relação aos globos de ouro:

O melhor: os prémios para os diversos actores britanicos e o discurso de Hugh Laurie.
O pior: Prison Break e Nip/ Tuck de fora e a péssima transmissão do AXN.

Para terminar aqui fica a minha lista dos filmes que mais gostei em 2006 e os que achei, não os piores, mas as maiores desilusões. (Recordo que não vou ao cinema há um mês e como tal ainda não vi a maioria dos filmes nomeados aos oscares).

Bons:

- Ilusionista
- Volver
- The Wicker Park
- Miami Vice
- Lucky Number Slevin
- Prime
- Good Night and Good Luck
- Pride & Prejudice
- North Country

Desilusões:

- DaVinci Code
- Brokeback Mountain
- Lady in the Water
- Memories of a Geixa
- World Trade Center
- Deja Vu (Tony Scott devia ter feito muito melhor do que esta ofensa à inteligência do espectador...)