sábado, 6 de agosto de 2011

Brothers & Sisters de todos nós...


Depois de Gilmore Girls, outra da minhas séries familiares de culto é cancelada. A notícia trouxe-me um amargo de boca mas recebi-a com a calma de saber que temos de deixar alguém partir. Ao longo de 5 temporadas os actores ficam cansados, a histórias gastas e por muito que ame a família Walker nada dura para sempre com o mesmo brilhantismo. E assim termina a série que provou que grandes nomes do cinema podem se tornar grandes nomes da televisão: Avé Sally Field e a sua Nora, uma das personagens mais brilhantes e devidamente galardoadas no mundo televisivo. Com ela tantos outros, Calista Flockhart, Balthazar Getty, o saudoso Rob Lowe...

Comecei a ver esta série por acaso num dia em que servi de baby-sitter da minha sobrinha mais velha. Apanhei apenas os 10 minutos finais de uma season Finale em que a filha de Tommy recém nascida corre riscos de vida. Creio que 1 minuto depois troquei de canal, pois tinha percebido logo que esta era uma série que ia adorar e não queria estragar com spoilers.

Devorei as primeiras temporadas e esperei lentamente a conta gotas que novos episódios saíssem. Tornou-se um culto. Não têm um tema mórbido como Sete Palmos de Terra mas são uma família igualmente acutilante. Não é uma série de comédia como Uma Família Moderna e no entanto arranca-nos gargalhadas com o mais refinado humor. Lágrimas? Muitas. E aí entra o que de principal e tão sedutor tem Brothers & Sisters. Esta série soa a qualquer pessoa como uma extensão da sua própria família. Todo e qualquer espectador já se reveu numa situação em Brothers & Sisters e se rendeu à forma politicamente incorrrecta como resolvem os seus problemas, ou não... Porque nenhuma família é perfeita e esta também não o era.

Quem não desejou estar num dos longos e problemáticos jantares que regados a vinho californiano são a imagem de marca da família. Quem não desejou puxar as orelhas a Justin ou ao Tommy quando eles andavam fora do trilho. Quem não se sentiu divido entre simpatia ou puro desdém pela personagem de Holly. Que mulher não sentiu borboletas na barriga ao assistir ao desenrolar do romance da Kitty com o Senador ou da Sarah com o seu amante francês. Quem não se enterneceu pelo amor entre o Kevin e o Scotty. Quem é que não sentiu por vezes um soco no estômago com situações familiares tão complexas e que nos faziam tanto lembrar de outras a que assistimos na primeira fila, desta toma sem ser através do ecrã da televisão. Eu sim...

Esta série terminou mas deixou em todos nós a que assistiam a sensação de que levámos um bocadinho deles porque no fundo eles eram irmãos e irmãs de todos nós. E porque o bom da vida é para guardar com saudade ainda podemos rever as últimas duas temporadas na Fox Life. Porque recordar... Vocês sabem.... Recordar é viver.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dos filmes de terror, do poder da ficção e de como às vezes pareço uma menina de 10 anos...



Hoje fui ver um filme de terror ao cinema. Já não o fazia há muito tempo mas pareceu-me um bom programa de meninas em plena silly season. O filme de seu nome Insidious era mau, pior. Era péssimo... E mesmo dentro do ridiculo de figuras com mãos feitas de lâminas (Tim Burton dear, nada bate o teu genial Edward) aquilo meteu-me imenso medo.

Temos medo do que não conhecemos é sabido... E o filme explorava de forma sofrivel o mundo dos que não fizeram a "passagem" e que ficam aqui para nos atormentar em sonhos e não só. A famosa temática dos exorcismos que sempre me arrepiou de morte (lagarto, lagarto, lagarto) e aquele pormenor das presenças, encostos ou o raio que os parta.... O final do filme era aberto e mesmo tendo sido tão mau saí de lá a tremer.

A ficçāo, ai a ficção, quantas vezes não falei do poder dela nas minha vida. Lembro-me bem de um dia escrever algo como "estou a chorar baba e ranho com um romance que nem sequer é bom, há coisas na vida mais fortes do que nós e a ficção é uma delas". É mais forte do que eu, incomoda-me, entranha-se em mim, não tenho como negá-lo por mais pateta que pareça.

No fim do filme já estava eu a ouvir barulhos estranhos, a sentir toques nos ombros, a ver sombras sinistras quando começam elas com a típica conversa que qualquer mulher tem depois de um filme destes: contar as suas próprias histórias do sobrenatural... E mesmo com os meus pedidos de "ahhhh parem não quero ouvir" de nada adiantou porque o entusiasmo alheio era muito e eu com as māos no volante não conseguia tapar os ouvidos... A curiosidade, que é mesmo mórbida lá me levou a ouvir com atenção as histórias e até fazer uma outra pergunta.

Cheguei a casa petrificada. E se me acontecesse o mesmo já esta noite? E depois tentei fazer o exercício que fazia quando era pequenina e via os filmes do Chucky, em que olhava desconfiada para as dezenas de bonecos espalhados pelo quarto e cuidadosamente ia dar um beijo a cada um e deitá-los para dormir na esperança que tivessem pena de mim por eu até os tratar bem. E quando no escuro imaginava que umas perninhas de borracha se encaminhavam na minha direcção tinha o discernimento de me dizer: "Mas porquê que isto te haveria de acontecer hoje? Só porque viste o filme? Isso não faz sentido nenhum." E tentando acreditar na lógica lá adormecia. Como hoje espero adormecer sem pesadelos (porque as histórias reais mesmo com muitos salpicos de imaginação são bem mais assustadoras do que filmes e com estas coisas sou mesmo mariquinhas) e ignorando barulhos de portas a bater a meia da noite...

E no meio de tudo isto acabei por me lembrar de uma frase que Hitchcock dizia com frequência quando alguns dos seus actores tinha dúvidas em relação às suas personagens ou se levava demasiado a sério nas suas interpretações. Dizia "isto é só um filme". E um por um todos à sua volta voltavam ao trabalho na crença que ele tinha razão. Hitchcock porém nunca acreditou nele próprio e por alguma coisa queria que na sua lápide dissesse: Isto é o que acontece aos meninos que se portam mal...

Eu até sou boa menina está bem? E isto foi só um filme...