quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Errar para viver

Os erros fazem parte da vida. Tal como outra coisa qualquer. Há erros que vivem connosco durante muito tempo, que nos fazem compainha ao deitar e ao acordar. Às vezes despertam-nos mesmo a meio da noite. Há erros que são o nosso amigo imaginário durante anos e anos e apesar de invisíveis não são minimamente silenciosos. O meu pior erro foi deixar que algum erro definisse a minha vida. Hoje olho para os erros como lições. Às vezes demora algum tempo até que consiga ver o lado bom do meu erro, porque todo o erro não duvidem, tem um lado bom. Isto não me irresponsabiliza do meu erro. Eu sou e devo ser totalmente responsável pela minha vida. Mas os meus erros não definem quem eu sou, pelo contrário, os meus erros ajudam-me a crescer, fazem-me mais forte, mais sábia e mais tranquila. Se vou continuar a cometer erros? Claro, é um erro enorme pensar o contrário. Tal como comecei por dizer fazem parte da vida como outra coisa qualquer. Não deixem que os vossos erros vos destruam. Mas também não os silenciem. Ouçam-nos com toda atenção, e quando for possível, arquivem-nos com carinho, como um postal que alguém vos escreveu e que de vez em quando gostam de reler, não para relembrar a dor da ausência, mas para relembrar o amor. Errar é vida e vida é amor. Ouçam-no e perguntem-lhe como vos serviu naquele nomento, porque todos os erros nos servem de alguma forma, por isso os cometemos. Sejam responsáveis, reconheçam quem são, abracem-se, mas não deixam que um único momento das vossas vidas os defina. Não se arrependam do que fizeram, ou arrependam mas responsabilizem-se e aprendam com isso. É a única forma possível de viver, caso contrário é sobreviver.

sábado, 12 de outubro de 2019

Parasite


Parasite ganhou Cannes e está a receber aclamação mundial como um dos melhores filmes de sempre. Teve a estreia mais bem sucedida da história americana por um filme de língua estrangeira este fim de semana. É de facto um filme original e muito bem conseguido na crítica social que faz mas não é o tipo de filme que me chegue ao coração. Lembrou-me de Get Out, outro bom filme com o qual não me consigo entusiasmar. Recordo-me de repente de Shoplifters que de alguma forma tem um tema similar e que me emocionou enormemente. Mas caramba, o feliz que fico de ver americanos e não só a falar assim de um filme sul coreano. Depois da reacção ao Joker este é o sinal que ainda devemos manter a esperança no estado da arte e do politicamente incorrecto. 7,5

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Dolor Y Gloria



Vi Dolor y Gloria, o último filme de Almodovar, baseado em factos auto-biográficos como vários na sua carreira, com a diferença que este trata da vida de um cineasta espanhol, carreira internacional, crise de meia idade e um coração cheio de dor. Tal como me aconteceu noutros filmes seus, passado 10 minutos já não o queria ver, incomoda, no entanto sabia que tinha de o fazer. E ainda bem. Porque no título a dor está acompanhado da glória. Filmes como este são aqueles que eu considero como cine-terapia, e Almodovar, fale de que tema fale consegue me sempre ir ao mais profundo que tenho.
A nível cinematográfico não me encheu as medidas como Habla com Ella, Mala Educacion ou Julieta, mas para mim revisitar o seu imaginário será sempre como andar de bicicleta. De imediato voltam e se instalam as cores, os diálogos, o humor requintado, a solidão, a dor e a glória, a tão importante glória. Se eu tivesse que definir o género melodrama em duas palavras seria assim: Pedro Almodovar.

(Antonio Banderas ❤)

8

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Joker


Desagrada-me quando um filme tem muito hype porque invariavelmente acabo por sair desapontada. Não foi o caso aqui. Batman é o meu super herói favorito porque ele não tem super poderes, é igual a cada um de nós, mas usa das suas valências para combater o crime. Este não é um filme de super heróis, mas foi o retrato de Gotham City que mais gostei de ver até hoje, talvez por ser tão assustadoramente fiel a Planeta Terra 2019. Talvez seja isso que leva algumas pessoas a alarmarem-se com esta narrativa. É uma metáfora/ crítica social muito bem escrita. Mas enquanto alguns vêem um filme sobre loucura e violência, eu vejo um filme sobre a empatia, ou sobre a falta dela e de como devemos nos pôr mais nos sapatos dos outros, nem que esses sejam sapatos de palhaço. É um filme perturbador, com momentos que me deixaram extremamente desconfortável, de uma forma que apenas pode acontecer num bom filme, mas ao mesmo tempo um filme muito bonito. Tristemente bonito. Vejam por vocês, vale a pena o murro no estômago. 
Finalmente Joaquin Phoenix. Tenho algumas dúvidas que o filme consiga arrancar muitos galardões em Hollywood, mas Phoenix tem aqui o papel da carreira dele e sem ter visto os outros desempenhos aposto já o meu dinheiro nele. Foi das melhores construções de personagem que vi numa longa metragem (créditos para Todd Phillips) e a entrega de Phoenix ao Joker dele é arrepiante. Convenceu-me em cada gota suor do seu rosto, em cada esgar da sua gargalhada descontrolada ou no olhar perdido de quem não se pretende encontrar. Heath Ledger, onde estiver, estará orgulhoso. 9

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Once Upon a Time in Hollywood

Este foi um dos filmes que me causou mais entusiasmo nos últimos tempos, todas as premissas são demasiado boas. Eu adoro metatextos, e sendo o cinema o meu favorito, estava mortinha para ver o filme do Tarantino sobre filmes (e não só). Ele tem um estatuto de Golden Boy, que sempre o acompanhou e que o permite fazer coisas que, hoje principalmente, poucos se atrevem. Ainda bem. Não entra directamente para o top Tarantino mas é um filme francamente bom. Principalmente para quem adora cinema para lá do ecrã. (E o Leo vem nova nomeação?) Vejam por vocês e no fim trocamos ideias.