terça-feira, 8 de outubro de 2019

Joker


Desagrada-me quando um filme tem muito hype porque invariavelmente acabo por sair desapontada. Não foi o caso aqui. Batman é o meu super herói favorito porque ele não tem super poderes, é igual a cada um de nós, mas usa das suas valências para combater o crime. Este não é um filme de super heróis, mas foi o retrato de Gotham City que mais gostei de ver até hoje, talvez por ser tão assustadoramente fiel a Planeta Terra 2019. Talvez seja isso que leva algumas pessoas a alarmarem-se com esta narrativa. É uma metáfora/ crítica social muito bem escrita. Mas enquanto alguns vêem um filme sobre loucura e violência, eu vejo um filme sobre a empatia, ou sobre a falta dela e de como devemos nos pôr mais nos sapatos dos outros, nem que esses sejam sapatos de palhaço. É um filme perturbador, com momentos que me deixaram extremamente desconfortável, de uma forma que apenas pode acontecer num bom filme, mas ao mesmo tempo um filme muito bonito. Tristemente bonito. Vejam por vocês, vale a pena o murro no estômago. 
Finalmente Joaquin Phoenix. Tenho algumas dúvidas que o filme consiga arrancar muitos galardões em Hollywood, mas Phoenix tem aqui o papel da carreira dele e sem ter visto os outros desempenhos aposto já o meu dinheiro nele. Foi das melhores construções de personagem que vi numa longa metragem (créditos para Todd Phillips) e a entrega de Phoenix ao Joker dele é arrepiante. Convenceu-me em cada gota suor do seu rosto, em cada esgar da sua gargalhada descontrolada ou no olhar perdido de quem não se pretende encontrar. Heath Ledger, onde estiver, estará orgulhoso. 9

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