sexta-feira, 22 de junho de 2018

Altura makes me Higher!

Eu adoro o formato do Tumblr, adoro ver imagens bonitas, frases que me identifico e trechos de filmes e fazer reblog construíndo o meu próprio mosaico, tão cru quanto honesto, uma espécie de querido diário visual. Nos últimos tempos no entanto, em algumas situações com mais tempo, tento ser eu a criar um mood board original. Aconteceu a semana passada em Altura, a tal Altura que vocês estão fartos de me ouvir aqui falar, o meu Algarve que cheira mais forte a flor de laranjeira e onde me sinto sempre tão mais alto, tão feliz. E porque ontem foi Solstício do Verão (mas sem Verão a dar a cara) e porque eu sou a Solstice Child (literalmente nascida no Solstício de Inverno de 83), aqui está muita luz, muito sol, muita areia clarinha e céu azul. Para que vocês tenham também um pouco do Verão que tive durante umas curtas mas revigorantes férias. 















terça-feira, 5 de junho de 2018

O Portugal do Gelatto


No outro dia à hora do almoço conheci um senhor do Kentucky, ele estava a viajar desde Outubro, esteve na Índia a fazer voluntariado uns meses e agora para terminar a viagem decidiu visitar os países mediterrânicos. Visitou Itália, fez o caminho de Santiago e disse uma coisa muito bonita sobre o Porto: "Parece que nunca nada me pode correr mal no Porto. Mesmo quando corre mal, acaba por correr bem." Era um homem culto, afável, e perspicaz. Chamava-se Gelatto, e ficamos à conversa imenso tempo. Às tantas perguntou-me uma coisa e eu fiquei bem sem lhe saber responder. Disse-me: "Mas porquê que os Portugueses estão sempre a falar sobre o grande que foram, a lamentar o império que perderam?", "Nunca tinha pensado nisso - disse-lhe - acho que tem a ver com o nosso fado".
E ele então deu-me esta analogia: "Sabes, eu vejo Portugal como a casa da nossa avó que vamos visitar poucas vezes porque é muito longe. A casa é pobre, tem as portadas partidas porque não há dinheiro para arranjar. As paredes estão mal pintadas e a casa por dentro é igual. Mas depois ela convida-nos para chá e uma fatia de bolo e nós aceitamos. E a avó serve-nos o chá numa caneca que está um bocadinho partida e num prato estalado. Mas sabes, é o chá e o bolo mais delicioso que já comemos na vida. Entendes?"
Perante isto fiquei calada, pensativa. A minha reacção inicial era protestar, que não somos nada assim, mas o que é que ele estava a dizer? Mas depois entendi bem o que ele me queria realmente transmitir. E fiquei feliz. E orgulhosa. Sim, por vezes a nossa caneca pode ser meia mal encavacada, mas não tenho dúvida nenhuma que o conteúdo é o mais saboroso e feito com a melhor intenção deste mundo. E assim nos definiu o Gelatto: Meios toscos por vezes mas com um coração maior que os metros quadrados que nos limitam. Às vezes é mesmo preciso que uma pessoa nos veja de fora, para que nos possamos perceber por dentro. Obrigada Gelatto, eu e Portugal agradecemos.