Outro dia falava aqui de sorte, de injustiças, de verdades. Eu sei que tenho sorte, muita sorte. Mas olho à minha volta e vejo pessoas que acho que têm ainda mais como outras olharão para mim nesse sentido. Eu acredito que quem quer que seja (Deus, Destino, Fado, chamem-lhe o que quiserem) que põe alguma ordem nisto tudo não anda a dormir. E acredito, preciso de acreditar, que o mundo nos traz o que lhe oferecemos mais cedo ou mais tarde. Sim eu tenho sorte dizem vocês. Tenho muita sorte. Tenho um bom emprego, carro e casa. Um sem fim de vestidos bonitos no armário e algumas viagens de sonho no passaporte. Tenho sorte? Tenho uma sorte dos diabos. Mas a vida não se mede por carros, vestidos e viagens. Não se mede por idas a restaurantes da moda nem por usar um salário mínimo nos pés. Pobre, muito pobre, é quem pensa que sorte é isso. Sorte, a minha grande sorte é poder olhar um pôr do sol destes num feriado de 5 de Outubro nos braços de quem melhor me quer, ouvir as risadas da minha família como pano de fundo e sentir-me cheia, amparada. Porque todos, todos (convençam-se disso) temos os nossos problemas. Todos damos as nossas turras, uns mais, outros menos. Mas o que esta foto representa é algo que hei de levar comigo para sempre. É finalmente, o sítio onde eu me sinto em casa. E quem tem uma "casa", e nestas coisas o inglês não falha por isso aqui vai: "If you have a place that you can call home" aí sim podemos começar a falar de sorte. Tudo o resto vem por acréscimo, num misto de empenho com astros bem alinhados. A quem me entende...