quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Homesick

Eu não posso parar. Tenho de ler uma revista, ver uma série ou um filme, pesquisar alguma coisa na internet, falar com os meus amigos no messenger, enviar emails, ir às compras, simplemente passear e ver coisas novas. Mas não posso parar. Porque aqueles dois ou três minutos em que eu paro podem ser fatais.
Uma viagem de carro em silêncio. Um jantar onde me abstraío do resto da mesa como se não existissem. Uma conversa em que em piloto automático respondo, em que escuto mas não ouço. Os olhos parados na montra de uma loja, a olhar mas nunca a ver. (Não posso parar), porque estes pequenos momentos em que paro são o suficiente para me lembrar. Não de onde estou, não do que estou aqui a fazer, mas aquilo que representa cá estar. Da sorte que tenho por ter tantas pessoas a quem amar, por ter tanta gente na minha vida que me faz falta. E no entanto da amargura por não os poder ver, sentir ou abraçar.
Porque se por minutos penso em tudo aquilo que me faz falta, em todos aqueles cuja ausência me mata aos poucos, em tudo o que deixei para trás... Eu simplesmente desfaleço mentalmente. Desfaleço socialmente. E depois disso nem a televisão, nem o computador, nem as compras nem nada no mundo vão me fazer sair deste casulo de homesickness em que me meti.
Os portugueses são mais alto... Porque os portugueses têm a Saudade.
E a saudade de quem temos, define quem nós somos...
Eu sou alguém que não pode parar.

1 comentário:

PP disse...

Olá Raquel, o refugio de alguns momentos em que paramos para pensar em nada, são palavras ténues que a nossa alma comanda sem precisar de ajuda da mente. Mas a pergunta que nos fazemos sempre a seguir, é: "Onde estava com a cabeça?" e a resposta é simples e inevitável, "No coração!"
E por vezes quanto maior o coração mais vezes a mente se perde no seu interior. A essa viagem nós chamamos saudade.

Deixo-te aqui um filme digno do teu blog em que o seu orçamento não passou dos 40$. Mas ganhou o Tropfest, e como tu deves saber, é o maior festival de curtas metragens do mundo. O Tropfest deixou Sydney onde se realizava há já 17 anos e no ano passado teve a sua primeira edição em Nova York. Este foi o filme vencedor, feito com a simples câmera de um telemóvel, "Mankind Is No Island".
LINK: http://www.youtube.com/watch?v=ZrDxe9gK8Gk

Bjo