segunda-feira, 20 de junho de 2011

Para o PP...


Tive vários blogues antes deste. Secretos, sem assinar o meu nome ou mostrar a minha cara. Blogues de duração tão curta quanto o tamanho da minha auto censura. Em 2006 tive uma cadeira chamada Produção de Conteúdos para os Media. Era uma cadeira de 4º ano da especialização em Jornalismo e muitos colegas não entendiam porque é que a cadeira que valia mais unidades de todo o curso era dedicada ao cinema. Sem deixar de os compreender, eu adorava... Era a minha praia... Estudos cinematográficos, argumentismo, fotografia e montagem, análises semióticas. Era uma cadeira anual com 6 horas de aulas semanais e o professor que muito prezo tinha fama de ser duro. Aliás... Era duro. Facilmente caí nas suas graças. Era dedicada àquela cadeira, interessava-me o tema, ali sentia que podia ser maior. Tanto, que já tinha encaminhado a minha candidatura ao mestrado em cinema em duas universidades inglesas.

A minha turma não me achava tanta graça assim. Aluna que nunca foi às aulas, de repente caía ali de pára-quedas pronta para saborear de um trago só matérias que eles não queriam, nem tinham de ter a mesma sensibilidade que eu demonstrava. Aos poucos julgo que perceberam que eu era mesmo assim, que aquela paixão pelo cinema, estética e semiótica era genuína, que não era uma lambe botas, pelo contrário, era das poucas que ousava corrigir o professor. Depois da implicância inicial começaram a pedir-me ajuda para os trabalhos da mesmo forma como eu lhes pedia os apontamentos de outras cadeiras que não tinha gosto em frequentar. E com extremo prazer o fazia. Sugeria-lhes temas, filmes, bibliografias, frases de abertura para os trabalhos, trechos a mostrar na apresentação.

Um dia em jeito de brincadeira uma colega, que era óptima aluna, disse-me que eu deveria criar um blog para poder lá escrever as mesmas coisas que lhes dizia. A sugestão que era elogiosa deixou-me a pensar e apesar de nunca ter transformado este blog naquilo que ele merecia, podem ler para trás muitos e muitos textos sobre cinema. Textos dos quais me orgulho. E assim fica a história pura e dura do meu inicio a sério num blog...

Mas em 2006 eu desconhecia por completo que existiam seguidores... Eu não lia outros blogues logo não esperava que lessem o meu. Apenas o conheciam os meus amigos, principalmente por curiosidade de ler a critica que escrevia ao filme que tinhamos visto no dia anterior.

No decorrer dos anos desta residência surgiu-me um leitor que sempre assinou como PP. Não sei quem é mas julgo que me conhece ou conheceu. A forma intima como me escreve sugere isso e quando lancei o repto para o conhecer respondeu-me assim: "Só hoje vi a tua msg. E talvez até me conheças, mas isso não interessa. Porque sei que poder estar na tua mente nem que seja um minuto por ano, é ter também uma residência nas nuvens, só não é fixa. P.S. A lua hoje está linda." ou assim "Eu sei que deixando comentários aqui e ali estou sujeito a que todos vejam o que escrevo. Mas de outra maneira não teria onde me inspirar. Continuas linda e com bom gosto,  fico feliz se souber que tudo te corre bem por ai na ilha. Mas lembra-te que o Porto terá sempre saudades de princesas como tu." deixando-me ainda mais curiosa.
A última vez que me escreveu foi em 2009 e não faço ideia se ainda este visita este espaço. Se sim, o que duvido, aqui fica:

Caro PP, no dia 10 de Fevereiro de 2008 escreveste-me assim: "não sei porquê, mas porque sim. eu minto e desminto num olhar, mesmo que não olhes pra mim, eu minto e volto a mentir. porquê? -não digo, ou porque sei que por mais longe que eu esteja do teu olhar, eu estarei a ver, e volto a mentir. tu és especial não tens de perguntar porquê, mas a resposta, é porque sim. porque vives e guardas o melhor pra ti e não queres deixar o mundo sem saber o sabor do que guardaste aqui."
E 40 meses depois queria te dizer que nos últimos dias me lembrei muito destas palavras e que sim... Não vou deixar o mundo ser saber o sabor do que fui guardando aqui e ali. Obrigada por estas palavras tão especiais que não serão esquecidas. Obrigada essecialmente por me teres alertado para a grandeza das pequenas coisas e vai aparecendo que esta residência sente falta de um anónimo como tu.

A minha marca (até que o mar a levasse) na praia da minha vida. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Amiga és linda =)
Lembro-me bem de ti na faculdade!! Um beijo enorme (Vanessa Mota)

Unknown disse...

acho que me apaixonei por este post.