segunda-feira, 1 de abril de 2019

Patrick Melrose


Não sei bem o que dizer sobre esta série. Eu não estava preparada para o que aí vinha, não sabia nada sobre a temática e fui vendo cada um dos episódios com um crescendo de intriga, fascínio e perturbação. 
Cada episódio é baseado em cada um dos cincos livros de Edward St. Aubyn, e talvez por isso cada um pareça uma obra à parte, apesar do resultado final ser um puzzle muito bem montado. Em cada um senti um ritmo diferente (o primeiro é alucinante) e trouxe-me à memória diversas referências cinematográficas. Comecei com Trainspotting do Danny Boyle, fui ao Fight Club do David Fincher, daí transportada para o Swimming Pool do François Ozon, dei um pulinho ao Girl Interrupted do James Mangold, certamente passei por qualquer coisa de Jane Austen ou Oscar Wilde e acabei com um estômago embrulhado, de quem não levou um murro, mas sim uma coça do tamanho do mundo. 
Muitas vezes fechei os olhos desejando que a acção parasse, também tive vontade de carregar mesmo no stop por ser penoso, mas sabia que tinha de o fazer. E sei que vou levar esta história, autobiográfica sobre a fragilidade humana, comigo por muitos dias, muitas noites, espero que por poucas insónias. É uma obra duríssima, mas muito bonita, com interpretações divinais e uma fotografia fora de série. O antagonismo entre vermos algo tão bonito e ao mesmo tempo tão triste, é heartbreaking. Não recomendo de ânimo leve a quem não está disponível para ficar a sentir-se pequenino, pequenino. Um 9 sem espinhas.

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