quarta-feira, 22 de maio de 2019

Series Finales. Damos tantos, devemos esperar receber mais?


Game of Thrones terminou Domingo deixando milhões de fãs à volta do mundo divididos entre o amor pela série e a conviccção que a última temporada não fazia jus à qualidade a que estavam habituados. Mais de 100 mil pessoas se mobilizaram para dar 1☆ no IMDB ao último episódio da série que durante 10 anos veneraram. Análises de narrativa à parte (porque não estou em posição de o fazer), é surpreendete antes de mais, constatar como as pessoas se mobilizam mais facilmente pela negativa do que pela positiva. Para expressar desagrado e revolta, do que satisfação e gratidão. E atenção, isto não é propriamente inédito em televisão.

Nos últimos dias li muitos artigos sobre series finales e acho que poucos na história da televisão  geraram consensos. Quando falamos de séries de culto, o final é quase sempre contestado. Vejamos por exemplo o último episódio de Lost ainda hoje é tido como o pior de sempre, lado a lado com Dexter.

Os fãs de HIMYM ainda não se refizeram do desgosto da morte da personagem por quem tanto esperaram (há um final alternativo, checkem no youtube, vai vos deixar com um sorriso). Os fãs de Sopranos, mais de uma década depois, ainda discutem o que foi aquela passagem para raccord negro e créditos e, enquanto alguns acharam arte, outros acharam uma aberração.

Seinfeld criou uma onda de revolta porque os fãs acharam o estilo e linguagem do último episódio fora do contexto da série e durante anos exigiram um final alternativo, o que nunca aconteceu. Estes finais ainda hoje são discutidos e relembrados e apesar do sentimento de revolta se ter apaziguado, basta vir um novo final polémico, como foi o de GOT para tudo voltar. 

Isto irá continuar a acontecer enquanto existirem séries de culto, porque as pessoas passam muitos anos a viver, vibrar e a pedir emprestada um pouco daquela história para si, e propositadamente ou não, criam expectativas que não podem corresponder à vontade de todos.

Não estou com isto a ilibar fracos desfechos, narrativas mal fechadas ou conclusões inverosimeis, 10 anos depois ainda me chateiam aqueles 5 minutos finais de Lost, que considero cheesy e mal escritos, mas não tenho dúvidas que nenhum episódio cria tanta divisão e tristeza como o último porque é a orfandade de algo a demos muito de nós e esperamos também algo em troca.

Nesta era de binge-watching, isto está a desaparecer porque os sites de streaming carregam uma temporada de cada vez, e nós sabemos que num fim de semana podemos dar cabo dela, que está ali, à mão de semear, e nem há tempo para sonhar acordado. Nem há tempo para o sentimento de investimento.

Não hajam dúvidas que esperar religiosamente pelas 2 da manhã de cada Domingo para ver um novo episódio muda alguma coisa. E isto é tudo normal. É humano.

E é até refrescante nesta era de imediatismo que vivemos. Mas não manifestem apenas desagrado. Pensem que se estão a sentir todas estas emoções foi porque a série vos trouxe muito, mesmo muito. Nós apenas nos importamos com o que gostamos. E afinal os argumentistas até foram sempre os mesmos. Cheer up!

(Preferia outro final para Lost? Talvez. Dava uma ☆ algum dia? Hell no, foi uma série do caraças e sinto-me feliz por ter sido contemporânea e a ter apanhado a conta-gotas, como se quer, durante 6 anos. 🥃 half full sempre!

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