Esta série não é sobre Sucessão. É sobre trauma geracional e este final mostra na perfeição de que forma os irmãos foram impactados por isso. No final, eles preferem perder o poder desde que não seja outro a consegui-lo. Ganhar a sucessão era como conseguir o afecto do pai, ser o escolhido para substituir uma pessoa cujo amor e aprovação tentaram ganhar a vida toda. O ego deles não permitiria que um dos irmãos o tivesse. Sempre disse que não gostava que fosse um deles a consegui-lo. Fez-me muito sentido que fosse Tom, embora ache que o papel dele é meramente decorativo, como o prórpio Mattson faz questão de se assegurar. Ele é "a serious people". Demonstrou ser um bom profissional, trocou a Shiv pelo pai dela no final. A própria Shiv apoiava desde o primeiro episódio a hipótese de o Tom ser CEO (até o pai a aliciar com a hipótese de ser ela). Não acho que a Shiv tenha votado NÃO para ser mulher do ceo ou para ajudar o filho que está na barriga. Acho que é mais egoísta do que isso. Este foi o mal menor. E se calhar até ajudou um pouco o Tom ao falar dele ao Mattson, e ajudou-se a si própria, uma vez que via o amor de Tom fugir. Eu não sei se a Shiv gosta do Tom, mas sei que procura relações como a que tinha com o pai. Desequilibradas. E o Tom parece ter desistido da Shiv desde o dia da varanda em que lhe ofereceu o escorpião. (Acertou, mas a mordida foi para Kendall.) Foi aí que alguma coisa mudou na dinâmica deles. A cena final no carro é brilhante. É um anti-climax, parece quase anti-feminista. A mulher poderosa que Shiv sempre aspirou ser num papel submisso. Mas conhecendo os personagens, sabemos que Shiv pensou nela apenas e que o Tom é descartável a qualquer momento. Acho que ela acredita que o vai continuar a manipular. Afinal, it's a Shiv world e manipular toda a gente à sua volta sempre foi o normal, é a descendente mais fria de Logan. Muita gente escreveu que a Shiv se transformou na própria mãe, mulher do CEO, mas eu quero acreditar que é mais do que isso. E apesar de ser um mundo de homens, em que nasce logo em desvantagem, a Shiv é a mais inteligente dos irmãos e fez o que achou melhor para ela.
Adorei as cenas em Barbados, gostei sempre quando saíam de NY. A dinâmica entre os irmãos é sempre bonita de ver. Fazem-nos esquecer de todas as lutas, todas as mentiras. São apenas três irmãos com tudo o que isso implica. Partiu-me o coração a cena em que os três vêem o vídeo do jantar virtual e do pai que nunca conheceram tão divertido. O pai que nunca tiveram. O único que teve foi Connor, aquele que nunca lutou pelo poder e de quem o pai nunca esperou nada. Como o Roman diz no final, após a cena em que gritam uns com os outros como se fossem crianças: we are bullshit. Nunca nenhum deles esteve à altura do cargo e o pai sabia disso.